História da Notação Musical

Esta semana, conversava com uma aluna da quinta-feira, a Rita, sobre a importância do grego na nossa música atual. Fui procurar alguma matéria numa revista antiga e achei isto, do baixista Cláudio Machado, veja que pérola:

(Obs: Tem uma família de bons músicos em Barra do Piraí/RJ, com sobrenome Machado. Lembro-me do batera que tem o apelido de Pelé. Será que tem alguma coisa haver?)
Os gregos criaram uma grafia musical literal para dar nome às diversas notas musicais. Para isso usaram as primeiras letras do seu alfabeto:

Alfa - Beta - Gama


Este sistema continuou na Idade Média, substituindo-se as letras gregas pelas latinas, que são usadas até hoje:

A - B - C - D - E - F - G Lá - Si - Dó - Ré - Mi - Fá - Sol

A razão pela qual a letra A designa a nota Lá e não o Dó, também tem origem na Grécia, porque o Lá era considerado o som mais grave do sistema musical. Na época, aprendia-se música por audição, por isso era usado o monocórdio, ou seja, uma linha melódica com uma só nota. Em trechos mais difíceis colocavam-se sinais: ponto e vírgula (ponctus e virga) sobre o texto, indicando deste modo, o sentido ascendente ou descendente da melodia.

No século XI, na escola de Aquitânia (França), usou-se uma linha horizontal fixa, mais tarde seguida por outra; essas duas linhas correspondiam aos sons Fá e Dó, o que permitia, desta forma, uma indicação mais precisa das notas colocadas dentro deste intervalo musical.

Sabemos que a escrita musical dos gregos consistia em "tetracordes" (susseção de quatro tons) e na Idade Média a escala é lida por "hexacorde" (susseção de seis tons). Na primeira metade do século XI, Guido d'Arezo, monge beneditino e musicista da província de Ferrara, colocou as notas do hexacorde sobre quatro linhas e nos seus respectivos três espaços. Posteriormente se inseriu a quinta linha formando os 4 espaços utilizados até hoje.

Para facilitar a memorização da entonação dos seis tons, o monge aproveitou a primeira estrofe do "Hino à São João Batista", no qual a primeira sílaba de cada verso corresponde, exatamente e na mesma altura, aos sons do hexacorde.

Hino à São João Batista em latim:

UT queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solel polluti
Labili reatum
Sancte Ioannes

Tradução: (Para que possam teus servos cantar em plena voz a maravilha dos teus feitos, ó São João).

Em 1640, Giovanni Batista Doni substituiu a sílaba UT por DO, aproveitando a primeira sílaba do seu sobrenome. Somente no século XII juntaram as iniciais SI de Sancte Ioannes, denominando o Si. Estava formado assim,as sete notas musicais usadas hoje.

Quando se começou a cantar em várias vozes, com o início do contraponto, foi preciso figurar as notas para se estabelecer a duração de cada uma. Mais tarde, com desenvolvimento da música instrumental, surgiram as figuras de menor valor.


Texto extraído da Revista Cover Baixo / Bass Player nº16 - Janeiro 2004 - da coluna Fundamentos cujo autor foi Cláudio Machado, professor do IB&T e autor dos métodos Baixo e Bateria, Tocando Juntos e Linhas & Estilos.E-mail: claudiomachado@terra.com.br

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